Casas na Zona Leste de SP correm risco de desabar, e laudo técnico aponta relação com obra da Sabesp; companhia nega

Fabio Pereira Dos Santos
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Defesa Civil afirma que acionou a Sabesp para apurar o que provocou danos aos imóveis da região. A companhia, por sua vez, não identificou relação entre a obra e o encharcamento do solo, mas disse que realizará novas vistorias para verificar possíveis causas. Rachaduras em imóvel na Vila Carrão, Zona Leste de SP Reprodução/Arquivo pessoal Rachaduras em imóvel na Vila Carrão, Zona Leste de SP Reprodução/Arquivo pessoal Moradores da Vila Carrão, na Zona Leste de São Paulo, tiveram as casas interditadas pela Defesa Civil da capital devido ao surgimento de problemas estruturais nos imóveis, como a abertura de fendas nas paredes e no chão, desde que a Sabesp fez uma obra na região, em 2022. Segundo os moradores, a Companhia de Saneamento Básico do Estado realizou uma intervenção no cruzamento entre as ruas Atucuri e Maniutuba no último ano para conectar prédios recém-erguidos às redes de água e esgoto. A partir de então, eles começaram a perceber alterações em suas casas. Em setembro de 2022, um morador da Rua dos Gansos — uma travessa da Rua Atucuri com uma certa inclinação — contratou uma profissional para vistoriar em seu imóvel, que estava apresentando um desnível na parte interna e havia se descolado da edificação vizinha. Mapa indicando pontos de obra da Sabesp e localização de imóveis afetados Reprodução No laudo técnico, emitido pela engenheira Caroline de Castro Moura, consta que a abertura de rachaduras e fendas na casa vistoriada e nos imóveis vizinhos foi resultado de movimentação do solo, o que impactou as fundações das residências. "No âmbito da vistoria de engenharia têm-se que segundo as obras da Sabesp ao redor do imóvel foi gerado anomalias", diz o laudo. As alterações constatadas foram: Na parte externa: trincas nas paredes, muro lateral esquerdo descolado na divisa com o imóvel vizinho, trincas no piso da calçada e manchas de umidade nos muros laterais; Na parte interna: trincas e manchas de umidade nas paredes da sala, nos quartos do térreo e do piso superior da casa, no teto dos banheiros e no teto do piso superior "Salienta-se que as causas mais prováveis para a ocorrência de recalques como os observados, são carreamentos de solo devido a vazamentos nas camadas subterrâneas ou até mesmo o rebaixamento de lençol freático que pode acarretar certo abatimento das camadas do solo provocando o recalque evidenciado." A Sabesp nega que a obra realizada para implantar um coletor de esgoto na região esteja relacionada com o o encharcamento do solo na região. (Veja mais abaixo). Obra da Sabesp em rua na Vila Carrão, Zona Leste de SP Reprodução/Google Earth Sophia Passaretti mora com a família em frente ao local perfurado pela companhia. Sua casa foi interditada na última segunda-feira (31). Ela, os pais e os irmãos pequenos conseguiram abrigo na casa de parentes, na região da Vila Formosa, mas voltaram para casa nesta sexta-feira (4) para pegar alguns itens básicos, como roupas e documentos. "A gente só chora", contou Sophia. Tem familiar meu que mora no andar de baixo da casa e não tem para onde ir e fica com medo de sair." Sophia relata que a situação da casa se agravou quando imóveis vizinhos, que a escoravam, foram adquiridos por uma construtora e derrubados. "Por conta da terra que já estava em movimentação, quando eles tiraram as casas que estavam dando sustentação para a minha, a minha mexeu muito, então não tinha mais nada para dar suporte", contou. "A Defesa Civil esteve aqui e falou que a chance de cair é iminente." A moça diz que engenheiros da construtora estiveram em sua residência e chegaram a realizar reparos emergenciais para amenizar a situação, apesar de afirmarem que a responsabilidade é da Sabesp. Moradora mostra casas rachadas na Zona Leste de SP Terreno onde ficavam casas adquiridas por construtora na Vila Carrão, Zona Leste de SP Reprodução/Arquivo pessoal Ao g1, Edson Santos, responsável jurídico da Construtora Befort, atual proprietária de terreno vizinho à casa de Sophia, afirmou que a atuação da empresa no terreno se limitou à limpeza, o que incluiu a desmontagem manual das casas que ficavam no local. De acordo com Edson, a construtora entrará com uma ação judicial contra a Sabesp para que a companhia de saneamento se responsabilize pelos prejuízos causados, uma vez que a instabilidade do solo, que está encharcado, inviabiliza o início de qualquer construção no terreno. Por nota, a Sabesp afirmou que implantou um coletor de esgoto na área, trabalho que terminou em julho de 2022. Disse ainda que agentes da companhia vistoriaram o local e não identificaram relação entre a obra e o encharcamento do solo, mas que segue verificando a situação e atendendo aos moradores. No entanto, Sophia reclama de descaso por parte da Sabesp. Ela diz que, assim como os vizinhos, já abriu diversos chamados na companhia, mas nenhuma atitude efetiva foi tomada para controlar a situação. A Defesa Civil afirmou ao g1 que acionou a Sabesp para apurar o que causou os danos nos imóveis da região. A companhia, por sua vez, disse que realizará novas vistorias e pesquisas para verificar as possíveis causas. Transformações nos últimos anos Imagens mostram as transformações passadas pela Rua Atucuri entre julho de 2016 e março de 2023. No período, diversos edifícios foram construídos na região. Confira: Esquina entre as ruas Atucuri e Maniutuba, na Vila Carrão, em 2016 (à esquerda) e 2023 (à direita). Esquina entre as ruas Atucuri e Maniutuba, na Vila Carrão, em 2016 (à esquerda) e 2023 (à direita). Casa interditada na Rua Atucuri, na Vila Carrão, em 2016 (à esquerda) e 2023 (à direita). O que diz a Sabesp A Sabesp informa que a obra realizada na região foi para a implantação de coletor de esgoto, e os trabalhos no trecho citado foram concluídos em julho de 2022. Em vistorias anteriores, a Companhia não identificou relação entre a obra e o encharcamento do solo, mas segue fazendo verificações sistemáticas e dando atendimento aos moradores. Novas vistorias e pesquisas serão realizadas para verificar as possíveis causas. A Sabesp segue à disposição dos clientes pelos canais de atendimento: telefones 195 e 0800 055 0195, pelo WhatsApp 11 3388-8000 e pela Agência Virtual no site www.sabesp.com.br.

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