Fotógrafo cria maquetes hiper-realistas de pontos turísticos de Piracicaba com papelão de reúso: 'Cidade onde nasci e amo'

Fabio Pereira Dos Santos
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Paulo Alcides Tibério, de 67 anos, o Pauléo, se dedica à produção de mais de 40 miniaturas arquitetônicas de edifícios tradicionais da cidade, que celebra 256 anos nesta terça. Fotógrafo aposentado de Piracicaba se dedica a produção de maquetes de tradicionais pontos turísticos da cidade Claudia Assencio/g1 O olhar sensível, certeiro e acostumado a registros velozes do fotojornalista aposentado, Paulo Alcides Tibério, de 67 anos, continua preciso e talentoso. Agora, sem pressa, Pauléo, como é conhecido, eterniza a imagem de pontos turísticos emblemáticos e tradicionais de Piracicaba (SP) com as dezenas de maquetes de papelão hiper-realistas de espaços como a Ponte Pênsil, o Engenho Central, a Rua do Porto, a Esalq-USP, Museu Prudente de Moraes, a Igreja Bom Jesus, as Catedrais de São Antônio e a Metodista, as casinhas antigas do Bairro Monte Alegre, entre outros. "Decidi homenagear a cidade onde nasci e que tanto amo com as maquetes. Costumo dizer que são minhas fotografias de papelão", disse ao g1. As noções de dimensão, profundidade e perspectiva, desenvolvidas pelo fotógrafo ao longo dos mais de 40 anos de experiência com câmeras punho, são aplicadas na descoberta da nova habilidade tridimensional com as maquetes. A produção das maquetes também significa uma homenagem à Piracicaba, segundo o fotógrafo, cidade que completa 256 anos nesta terça-feira (1º). LEIA MAIS Piracicaba celebra aniversário de 256 anos Exposição retrata mudanças em Piracicaba nos últimos 30 anos Mostra fotográfica retrata trabalho nas lavouras de cana Fotógrafo carrega maquete das tradicionais casinhas coloridas da Rua do Porto, um dos pontos turísticos de Piracicaba Claudia Assencio/g1 Papelão, tinta, tesoura, cola branca, estilete e canetas esferográficas. Desde que Pauléo resolveu pegar a primeira caixa no restaurante da filha, há quatro anos, e transformar o que seria descartado em arte, a lista de materiais utilizados também cresceu à medida em que o aposentado experimentava novas possibilidades de texturas, recortes, camadas e sobreposições. Pauléo não sabe mais contar quantas maquetes já foram feitas. "Creio que umas 50", estimou. Na casa, os miniaturas ocupam, pelo menos, dois dos cômodos. Maquete do prédio da Secretaria de Ação Cultural (Semac) de Piracicaba feita pelo artista Paulo Alcides Tibério Claudia Assencio/g1 Material de reúso Ter o papelão de reúso como matéria-prima para as maquetes é uma das marcas do trabalho do artista. A intenção com a escolha do produto base para criação das miniaturas arquitetônicas também é dar uma destino útil ao que iria para o lixo. "Antes, era só o papelão mesmo. O pessoal me perguntava 'não vai pintar?'. Eu respondia 'não, quero mostrar do que é feito'. O Comurba, por exemplo, deixei sem cor, no tom do material mesmo, de propósito", comentou ao lembrar do edifício construído na Praça José Bonifácio em Piracicaba e que caiu na década de 60, deixando dezenas de mortos. Além das maquetes, o aposentado também se dedica, mais recentemente, à pintura de quadros. As telas são de papelão. As molduras, de pneus de bicicletas. Paulo Alcides Tibério descreve como produziu as maquetes do Clube Coronel Barbosa e do Teatro São José em Piracicaba Claudia Assencio/g1 Miniatura do antigo Hotel Central de Piracicaba que ficava na região da Praça José Bonifácio e já não existe mais Claudia Assencio/g1 Trajetória A história de Paulo Alcides Tibério com as lentes começou quando ele ainda era adolescente por incentivo de quem ele chamou de mestre, o também fotógrafo Henrique Spavieri e que inspirou gerações de profissionais da imprensa piracicabana. Pauleo teve seu primeiro registro em carteira em 1972, como entregador de jornal em um veículo de imprensa centenário de Piracicaba. Cerca de quatro anos depois, perto dos 16, já atuava como fotojornalista, profissão que só interrompeu mais de quatro décadas depois, com a aposentadoria. "Sempre gostei de fotografia, de desenho e de pintar desde moleque. Era um sonho meu ser fotógrafo desde pequeno. Quando tive a oportunidade no jornal, comecei como reserva de entregador, depois passei a entregador e trabalhei no encarte. Até que o Spavieri me chamou para aprender fotografia", relatou. Maquete do Instituto Educacional Piracicabano e do Centro Cultural Martha Watts de Piracicaba Claudia Assencio/g1 Engenho Central de Piracicaba representado em maquetes feitas por Paulo Alcides Tibério Claudia Assencio/g1 Antes de trabalhar com fotografia e revelação no jornal, ainda jovem, Pauléo arriscava registros da família, por hobby, com a máquina analógica Kodak Xereta, modelo lançado na década de 70, compacto e simples de manusear. "Quando o Spavieri me chamou, era um sonho meu e ele nem imaginava que eu gostava de fotografia. Já fotografava com a minha 'Xereta' as coisas de que eu gostava, coisas da família. Ele chamou e eu aprendi, aí foi um sonho realizado", contou emocionado. "Com o Spavieri, aprendi a ter caráter. Ele dizia, eu não sou o melhor. Mas, para mim ele era. Ele dizia tente fazer o melhor, nunca ser o melhor. Uma vez me perguntaram 'qual foi a melhor foto que você fez?'. Eu respondi que melhor foto, eu ainda quero fazer. Eu não fiz ainda", afirmou. Pauléo mostra o Casarão do Turismo, um dos pontos tradicionais da cidade de Piracicaba representados nas maquetes Claudia Assencio/g1 A aposentadoria não caiu bem para Pauléo. "Essa coisa de ficar parado em casa sem fazer nada não é para mim. Aí, veio a ideia de fazer as maquetes", disse. "Nunca posso me acomodar naquela coisa. Eu ainda quero fazer a melhor maquete. Na vida, em qualquer profissão, todo mundo tem que ser assim. Tem que procurar sem o melhor, não precisa ser o melhor", pensou. Maquete da Semac de Piracicaba foi uma das mais difíceis de fazer na opinião do artista Pauléo Claudia Assencio/g1 Desafios A riqueza de detalhes das maquetes impressiona. Quando questionado sobre quais miniaturas deram mais trabalho ou foram mais desafiadoras de reproduzir, Pauléo é rápido em responder: "Essa é a parte mais gostosa da coisa. Quanto mais difícil, mas há estimulo tenho em fazer", comentou. "Essa aqui foi difícil, disse apontando para a maquete de uma das construções do Engenho Central de Piracicaba e que, atualmente, abriga a Secretaria de Ação Cultural (Semac) da cidade. "Tem muitos detalhes nas paredes, janelas, nos telhados e até no chão", descreveu. Paulo Alcides Tibério compara duas maquetes do antigo Edifício Comurba em Piracicaba antes e depois da queda da estrutura na década de 60 Claudia Assencio/g1 A maquete do prédio da Semac levou cerca de uma semana para ser finalizada. "É como um jogo de paciência. Você começa a fazer. Se começa a dar errado, você para. Depois continua. Você vai, esfria a cabeça, toma uma cervejinha, uma água, e depois continua. Começa a fazer outra vez e dar a sequência", brinca. "Faço um pouco hoje, um pouco depois. É um hobby. É para distrair", definiu. O que é a arte representa para você? Seja na fotografia ou na produção de maquetes arquitetônicas, a arte sempre acompanhou a vida de Pauléo. "Tudo é arte, fotografia sempre foi arte. É uma continuidade do meu trabalho de fotógrafo, só que diferente. É uma fotografia de papelão em 3D. Hoje, eu uso só para fazer coisa bonita, paisagem. Coisa que eu gosto", disse. Ele lembra que, nem sempre, com a cobertura de tragédias, acidentes e crimes, as memórias dos fatos retratados eram prazerosas. O fotógrafo ressalta, contudo, a necessidade de buscar sempre fazer o melhor, com ética, respeito e sensibilidade. Estação da Paulista representada em maquete feita por fotógrafo aposentado de Piracicaba Claudia Assencio/g1 Igreja Bom Jesus em Piracicaba Claudia Assencio/g1 VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba

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