Moradores do estado ainda sentem reflexos dos ciclones de junho e julho. Prejuízo em habitação é calculado pela Confederação Nacional dos Municípios em R$ 2 bilhões na última década. Moradores de Lindolfo Collor ainda sofrem com consequências de ciclone ocorrido em junho
Segundo estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 430,7 mil residências foram destruídas parcial ou totalmente por eventos climáticos entre 2013 e 2022 no Rio Grande do Sul. De acordo com a entidade, os prejuízos em habitação chegam a cerca de R$ 2 bilhões e o estado só fica atrás de Santa Catarina em número de residências danificadas ou destruídas durante o período.
Participe do grupo do g1 RS no WhatsApp e receba as notícias no seu celular
Além disso, 391,7 mil pessoas foram desalojadas ou desabrigadas no estado devido aos desastres naturais no período – o quarto estado com mais pessoas afetadas, atrás de Amazonas, Bahia e Minas Gerais. De abrangência nacional, o estudo da CNM aponta que a Região Sul foi a mais afetada no Brasil durante a última década: 1,06 milhão de residências danificadas ou destruídas, o que representa 46,7 % das ocorrências nacionais.
O documento também aponta que 2022 foi o pior ano da última década em número de residências destruídas total ou parcialmente no país: foram 371.172 apenas no ano passado. Como o levantamento apontou dados até o último ano, os ciclones extratropicais que passaram pelo Rio Grande do Sul em junho e julho, e afetaram milhares de moradores do estado, não foram contabilizados.
"É muito triste ter as coisas e de repente não ter nada"
O ciclone extratropical que atingiu o estado em junho foi o pior evento climático relacionado a chuvas dos últimos 40 anos, de acordo com o governo do estado. Uma das residências atingidas pelo ciclone foi a de André Flech, morador de Lindolfo Collor, município de pouco mais de 6 mil habitantes a cerca de 60 quilômetros de Porto Alegre.
"As roupas não estão no lugar ainda. A gente tá tentando conseguir aos poucos… conseguimos um roupeiro. Aos poucos tem que comprar tudo, né? A cozinha está ali e não dá para usar", lamenta André.
No ciclone de junho, moradores de Lindolfo Collor foram desalojados pela cheia do Rio Feitoria: 350 casas foram inundadas e mais de 1 mil pessoas foram afetadas – cerca de 16% da população. A prefeitura projetou a construção de conjunto habitacional para realocar moradores de uma faixa de cerca de 300 metros no leito do Feitoria. Os recursos serão da Caixa Econômica Federal, mas o dinheiro ainda não foi liberado pelo governo federal.
A dona de casa Eva Rohde ainda não conseguiu voltar para sua residência em Lindolfo Collor. Ela abriu as portas da casa para a reportagem da RBS TV: os cômodos estão vazios e as paredes e soalhos, comprometidos. A casa, no bairro Nova Esperança, vai ter que ser recuperada.
“A casa da gente é sempre a casa da gente. É muito triste ter as coisas e de repente não ter nada. Não é fácil pra ninguém”, lamenta Eva.
Prejuízos também para agricultores
Em outros pontos do estado, os danos provocados por eventos climáticos dos últimos meses também perduram. Em Sede Nova, no Noroeste do Rio Grande do Sul, cerca de 500 casas sofreram danos durante a passagem do ciclone no mês passado. No município, que tem apenas 2,7 mil habitantes e fica a cerca de 450 quilômetros de Porto Alegre, alguns moradores ainda não conseguiram retornar para casa.
"Não voltou para casa ainda quem perdeu toda a residência, que a gente ainda não conseguiu reconstruir", comenta Maria Rejane da Costa, coordenadora da Defesa Civil de Sede Nova.
Predominantemente rural, o município também registra prejuízos entre os produtores. Na propriedade de Airton Sott, os galpões onde ele criava suínos ficaram totalmente destruídos.
"Estamos tentando tocar a vida do jeito que dá, né? Um pouco menos apavorado do que nos primeiros dias, mas estamos levando. São mais de R$ 2 milhões para reconstruir de novo. E sai de onde esse dinheiro? Paga-se de que jeito?", lamenta Airton.
Em outra propriedade, de Roque Prentano, os prejuízos do ciclone de julho foram ainda maiores: R$ 3 milhões.
"Falta muita coisa, porque onde tu olha tem coisa para fazer. A gente sempre tem uma esperança, né? Então a gente vai levando", comenta o agricultor.
Imagens mostram estragos em cooperativa de Sede Nova, a 450 km de Porto Alegre
O que diz o governo do estado
No estudo que apontou o número de residências afetadas por eventos climáticos, a CNM recomenda seis eixos de ações ao poder público:
estruturação de uma política nacional integrada de desenvolvimento urbano;
priorização do atendimento das famílias que residem em áreas de risco;
viabilização de políticas integradas urbanas e ambientais de recuperação e proteção das áreas de risco/relevância ambiental que passaram por desocupação;
reforço e priorização no acesso a recursos em programas federais urbanos para os municípios afetados;
simplificação para o acesso de recursos e programas aos municípios;
estruturação de um programa nacional de capacitação, fortalecimento e modernização de cadastros locais e atualização de planos diretores.
A secretaria estadual de Habitação e Regularização Fundiária informou que está fazendo um levantamento junto com a Defesa Civil para ajudar os municípios na busca por recursos.
"Ficou combinado que a Defesa Civil faria o aporte de recursos diretamente para as prefeituras quando ocasionada a destruição parcial de habitação. Quando for destruição total da habitação, a tendência é de que o governo do estado receba recurso e a própria secretaria da Habitação execute a política pública de reconstrução das casas", afirma Fabrício Guazzelli Peruchin, secretário de Habitação e Regularização Fundiária do Rio Grande do Sul.
A pasta também salienta que tem atuado junto à Defesa Civil no suporte aos municípios para que preencham a documentação necessária ao recebimento de recursos do governo federal. No caso específico das passagens de ciclones, de acordo com a secretaria, o governo federal teria recursos exclusivos para a reconstrução de casas.
Mais de 500 residências foram destruídas total ou parcialmente em Sede Nova
Reprodução / RBS TV
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
Posted from: this blog via Microsoft Power Automate.
Seja bem vindo ao meu blog, esperamos a sua contribuição!