Antes de ser morto, Villavicencio disse 'não ter medo de chefes do tráfico'; entenda por que Equador é cobiçado pelo crime organizado

Fabio Pereira Dos Santos
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Candidato à presidência do Equador defendia propostas para endurecer as regras do sistema prisional e do combate ao narcotráfico e à corrupção. Atentado deixa recado a demais políticos na região, analisa Thiago Rodrigues. Assassinado a tiros ao deixar um comício em Quito na noite de quarta-feira (9), o candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio havia desafiado publicamente o narcotráfico durante um discurso em palanque. Veja vídeo abaixo. No dia seguinte ao assassinato, a facção criminosa conhecida como "Los Lobos" – considerada a segunda maior do país – teria alegado responsabilidade pela execução do candidato. O atentado deixa recado ao demais candidatos à presidência do Equador e reflete a força do crime organizado na região. É o que explica Thiago Rodrigues, autor do livro “Política e drogas nas Américas: uma genealogia do narcotráfico” em entrevista a Natuza Nery. "Villacencio já vinha sofrendo ameaças de assassinato porque o discurso dele tinha esse elemento anticorrupção. Ele também dizia que faria uma grande reforma do sistema penitenciário, de modo a evitar que os chefes do narcotráfico conseguissem operar de dentro do sistema penitenciário." Fernando Villavicencio em encontro político em Quito, Equador, em 9 de agosto de 2023 REUTERS/Karen Toro O Equador na rota do narcotráfico "O Equador não é um grande produtor de cocaína", ressalta Rodrigues. Embora seja a Colômbia a principal produtora de cocaína do mundo, o professor no Instituto de Estudos Estratégicos da UFF explica que o Equador se tornou uma cobiçada porta de saída da cocaína em direção aos Estados Unidos e à Europa. ‘Que venham os mafiosos’, disse candidato equatoriano assassinado dias antes de morrer Rodrigues atribui a projeção do narcotráfico equatoriano: ao aumento da demanda da cocaína no narcotráfico mundial; às políticas de combate ao narcotráfico na Colômbia, que causaram a fragmentação de grupos criminosos no país e resultaram no fortalecimento dos cartéis no México. "Nos últimos cinco ou seis anos, a situação de violência no Equador tem crescido muito porque coincide com a reestruturação do narcotráfico mexicano", detalha. "A cocaína colombiana, peruana e grupos mexicanos passaram a ter representações locais ou fazer alianças locais para poder usar esse corredor equatoriano." Leia mais: Equador convocou FBI para ajudar na investigação de assassinato Quem foi Fernando Villavicencio Jornalista investigativo e líder sindical, o político tinha 59 anos e se declarava defensor de causas indígenas e trabalhistas. Em 2014, chegou a receber asilo político no Peru após acusar o ex-presidente Rafael Correa de crimes contra a humanidade. Vídeo mostra o momento em que o candidato à presidência do Equador é assassinado Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto Episódios anteriores Após prisão de Silvinei Vasques, trabalho da PF 'deve colocar Torres e Bolsonaro na cena' de interferência nas eleições Novo PAC: retirar R$ 5 bi do teto de gastos é tentar 'enganar' meta fiscal, analisa professor da FGV

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